No relatório Brazil:Encouraging Lessons from a Large Federal System, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) destaca os resultados alcançados pelo Ceará para qualificar a educação pública e ressalta o trabalho do Instituto Ayrton Senna naquele Estado. Segundo o documento, o Instituto tem trabalhado para criar programas de aceleração ao ensino fundamental e médio (...) com estudantes defasados, a fim de garantir que desenvolvam as habilidades básicas de aprendizagem, competências para o trabalho e para a cidadania, antes de saírem da escola”.
Sobral foi uma das cidades que contribuíram para que o Estado fortalecesse o processo de qualificar a educação pública. Prova disso é que, em 2009, O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para os anos iniciais era de 6,6 (de 0 a 10), superando a meta do ano e ultrapassando o índice projetado para 2021. Sobral também ficou acima da média brasileira (de 4,6) para esse ciclo.
Os resultados são frutos de um trabalho que começou em 2001, em uma reunião de alguns prefeitos com Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna.
Viviane mostrou que o problema número 1 da educação brasileira é a má qualidade do ensino, medida pelas altas taxas de repetência que, por consequência, elevam as taxas de defasagem entre a idade e a série cursada pelo aluno, com desastroso impacto sobre o fluxo e o abandono escolar. E propôs, como solução, o Programa Acelera Brasil, de correção de fluxo. A cidade cearense foi um dos quinze primeiros municípios escolhidos para a implementação do Programa.
Na análise de dados e da situação da educação, Sobral, na época, apresentava os piores índices. “Lembro até hoje”, comenta Viviane Senna, “de que aquela cidade tinha 98 % de taxa de defasagem, o que significava que praticamente todas as crianças estavam atrasadas, no mínimo, dois anos”.
O trabalho realizado pelo Instituto, por meio do Programa Acelera Brasil, implementou na secretaria de educação de Sobral uma lógica com foco em resultados (o sucesso do aluno) e uma cultura de acompanhamento e gestão, que deram a base para outras iniciativas do próprio município, tornando-o um exemplo em educação. Alguns anos depois, em 2006, o índice de distorção era de 7,35%. O ano de 2010 fechou com apenas 5% de alunos fora da série adequada a sua idade.
Com relação ao analfabetismo, outro “vilão” que impede as crianças de passarem de ano, gerando o descompasso idade/série, Sobral também avançou muito: em 2004, 49,1% dos alunos da primeira série estavam alfabetizados. Em 2006, esse índice pulou para 96,19%. No ano passado, 97,8% das crianças sabiam ler e escrever corretamente. Em 2010, dando continuidade à parceria, 24.905 alunos e 880 professores de 42 escolas foram beneficiados pelos Programas Circuito Campeão e Gestão Nota 10, do Instituto, implementados na rede municipal de ensino. (Mariângela Almeida)
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Relatório Brazil:Encouraging Lessons from a Large Federal System, da OCDE
